Muito tem se falado sobre competências socioemocionais e a importância delas para o trabalho, mas uma pergunta que fica é: em que momento aprendemos (ou deixamos de aprender) sobre isso em nossa formação educacional?

Essa é uma questão fundamental para entendermos o que está faltando nos profissionais atuais. Segundo pesquisa (realizada pela Cia de Talentos) cerca de 60% dos jovens formados não estão preparados para o mercado de trabalho. Isso é assustador tanto para as empresas, quanto para estes jovens profissionais em início de carreira.

À primeira vista, o que ocorre é o desencontro entre a educação formal, dada pelas universidades e as reais necessidades do mercado de trabalho. Simples afirmar que aquilo que se aprende na faculdade nem de longe parece com a vida profissional. Todos nós que já temos alguma experiência profissional sabemos do hiato que existe entre teorias e práticas, contudo, há muito mais que isso por trás dessa lacuna.

Juntamente a esta questão, existem alguns outros pontos que devemos observar, e não temos a pretensão de esgotar o assunto por aqui. Vamos a estes:

1 – A educação formal não acompanhou a velocidade de mudança no mundo

Sim é verdade. A maior parte das escolas e universidades não estão conseguindo acompanhar o ritmo de mudanças do mundo. Com isso acabam usando o passado como referência para a construção de um conhecimento que precisará ser usado no futuro. Desta forma, ficamos sempre devendo, porque não conseguimos acompanhar, nem de perto, o ritmo das mudanças.

2- A educação tradicional não dá conta de tudo que precisamos para o mundo do trabalho

Quando olhamos para os currículos escolares, do ensino infantil às universidades nos deparamos com uma gama gigantesca de matérias associadas a conhecimentos relativos a línguas, números, lógica, técnicas. Pouco ou nenhuma relevância é dada para assuntos como resiliência, empatia, relacionamento interpessoal, capacidade de se adaptar as mudanças.

Agora me diga: no seu dia-a-dia, enquanto profissional, do que você sente falta? Da fórmula de bhaskara ou de como resolver um problema com o seu time? Da tabela periódica ou sobre porque as pessoas não se entendem no trabalho em equipe? De uma regra gramatical (facilmente encontrada no Google), ou da capacidade de manter-se motivado depois de uma dura reunião?

3- Exercitamos cada vez menos nossas competências socioemocionais

Só existe uma forma de aprimorar nossas competências socioemocionais: vivenciando-as de forma mais real. Num mundo digital, onde os relacionamentos vêm sendo cada vez mais mediados pelas máquinas e onde as pessoas estão a cada dia mais distantes fisicamente umas das outras, o isolamento, tornou-se a regra. A necessidade de uma convivência social mais próxima, mostra-se “menos necessária”.

Podemos resolver quase tudo em alguns cliques, de pedir uma pizza, arrumar um namorado, assim como programar a viagem de férias. Evitamos sentimentos desconfortáveis com “prozacs” cada vez mais acessíveis e vivemos as fantasias das mídias sociais. Estamos cada vez mais adormecendo nossa capacidade de sentir e interagir.

Não basta, no entanto, inserirmos estes temas nos currículos escolares como uma matéria a mais e acreditar que isso basta. Para isso, é necessária uma verdadeira revolução na educação. Assim, a  Base Nacional Comum Curricular – BNCC, vem ao encontro pela busca em reduzir essa lacuna, mas só isso não é o suficiente. Essa é uma iniciativa, ainda que tardia, de introduzir uma educação básica, mais homogênea e integral para todas as instituições de ensino do país. Pode ser uma tentativa de enxergar o indivíduo com maior pluralidade.

4- Competências socioemocionais são aprendidas a partir das vivências pessoais

Não há outro caminho! Não será a capacidade de dominar a tecnologia que nos tornará melhor profissionais nem hoje, e nem no futuro. Certamente, serão as competências socioemocionais e nossas capacidades humanas que nos tornarão fundamentais em nossos postos de trabalho. A capacidade de uma máquina substituir numa velocidade exponencial o ser humano, numa atividade mecânica, previsível e repetitiva, é incontestável e cada vez mais frequente. Portanto, a capacidade de um ser humano interagir e fazer a diferença na vida de outro ser humano jamais será substituída pelas máquinas.

Diante deste contexto, onde a necessidade das empresas não encontra respostas prontas e os profissionais disponíveis no mercado não estão preparados para darem conta desta demanda, a urgência de iniciativas práticas nesta direção, por parte das instituições que querem sobreviver num futuro próximo, certamente tornam-se cada vez mais relevantes.

Em suma, a questão que fica é: como tem se preparado para o HOJE?

leia mais sobre “Quando as emoções impactam a carreira“.

Por Regiane Favaro

 

CADASTRE-SE EM NOSSA NEWSLETTER